3 Juvenis de abutre-preto devolvidos à Natureza

No próximo dia 26 de novembro, pelas 11h30, nas Portas do Ródão (Vila Velha de Ródão), o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas vai devolver à natureza três juvenis de abutre-preto nascidos este ano e que foram recolhidos em outubro último, muito debilitados, em áreas dos distritos de Lisboa e Setúbal.

Os três juvenis deram entrada no Centro de Recuperação de Animais Silvestres de Lisboa (LXCRAS), onde, após avaliação dos técnicos desse centro, foram colocados em reabilitação.

Os juvenis não apresentavam, aparentemente, nenhuma debilidade física assinalável, mas apenas uma carência nutricional, pelo que, após pouco mais de um mês, se encontram em condições de serem libertados no seu habitat natural.

Os espécimes foram devidamente marcados com uma anilha oficial e com marcas alares, de modo a que possam ser monitorizados por observadores de aves e investigadores, nacionais e estrangeiros, quer se deixem ficar por Portugal ou deslocar-se para fora do nosso país durante a sua dispersão natural.

O Lx-CRAS, pertença da Câmara Municipal de Lisboa, é um dos 10 centros de recuperação reconhecidos pelo ICNF e que faz parte da Rede de Centros de Recuperação de Animais Selvagens, criada oficialmente em 2009. Constitui um polo fundamental de receção de milhares de espécimes de espécies selvagens de fauna, em particular de aves, entregues nesse centro por particulares ou por entidades oficiais, que depois de reabilitados, são devolvidos aos locais onde foram recolhidos.

A libertação irá ter lugar junto ao castelo do Rei Wamba, no topo da “porta” norte das Portas de Ródão (coordenadas N 39 38 927, W 7 41 457).

Estarão presentes o Ministro do Ambiente João Pedro Matos Fernandes, a Secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Célia Ramos e o Secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins.

Notas:

O Abutre-preto tem uma ampla distribuição no Hemisfério Norte, que se estende ao longo de uma faixa entre a Península Ibérica e Balcãs até ao Este da China.

A nível nacional é uma espécie ameaçada que no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005) está classificada como “Criticamente em Perigo” (CR), com uma pequena população que se distribui ao longo da faixa fronteiriça ocidental mas que recentemente tem apresentado uma tendência demográfica positiva.

Após mais de 40 anos sem nidificar em Portugal, esta espécie iniciou a sua reinstalação como nidificante em 2010 (no Parque Natural do Tejo Internacional) onde actualmente tem uma população composta por 12 casais. A espécie nidifica em mais duas regiões do país, no Parque Natural do Douro Internacional, desde 2012 (1 casal) e na ZPE Mourão-Moura-Barrancos, desde 2015 (2 casais).

O Abutre-preto nidifica em árvores e escolhe terrenos remotos e ondulados, revestidos por matagais arborizados, normalmente por azinho, sobro ou pinhais, frequentemente em encostas bastante declivosas em áreas montanhosas ou em vales de rios. Alimenta-se de carcaças de médio e grande porte como ovelhas, cabras, vacas, cervídeos, javali e também coelho-bravo e pratica com o grifo um sistema cooperativo de prospecção de alimento.