Recuperação da distribuição histórica do Lince ibérico (Lynx pardinus) em Espanha e Portugal. (LIFE10NAT/ES/570)
Eventos
Conexão efetiva entre populações de Lince-ibérico, em Portugal e Espanha
08/05/2017
Um exemplar macho de lince-ibérico, proveniente da população selvagem de Doñana, em Espanha, foi detetado em território português, durante o mês de abril, junto ao território de um exemplar fêmea da população do Vale do Guadiana, a qual tem, neste momento, crias.
O lince macho foi detetado pelos técnicos da equipa de seguimento do ICNF, através de fotoarmadilhagem e foi identificado graças ao seu padrão de pelagem individual. Trata-se do lince denominado “Mundo”, por técnicos andaluzes do projeto LIFE Iberlince (LIFE+10/NAT/ES/000570), localizado pela última vez em novembro de 2016, na área de Doñana-Aljarafe, que se deslocou para norte até uma zona do concelho de Serpa. Este macho, que nasceu no campo e não foi marcado com colar rádio-emissor, tem 2 anos de idade, e terá realizado uma deslocação de cerca de 170 km. Encontrou a fêmea “Malva” em Portugal, reintroduzida em 2016 no vale do Guadiana, e terão acasalado ainda em dezembro último. “Malva” que foi libertada no concelho de Mértola em 19 de fevereiro de 2016, rotineiramente monitorizada por Técnicos e Vigilantes da Natureza do ICNF, terá migrado para uma zona situada a norte da área de reintrodução, no vale do Guadiana. Esta fêmea, agora confirmada reprodutora, permanece, desde março, estabilizada num território tranquilo situado perto do rio Guadiana, no concelho de Serpa e mantém-se junto às suas crias. Os vestígios encontrados no campo e a fotoarmadilhagem indicam que o macho se mantém junto a esta fêmea, pelo que é altamente provável que seja o progenitor da nova ninhada, a primeira a ser detetada em 2017.
Esta dupla ocorrência e o encontro dos dois linces, comprova a conexão efetiva entre duas populações selvagens de lince-ibérico na Península Ibérica, com a existência de um corredor natural entre os dois países, o que possibilita a ocorrência de um fluxo genético da população de Doñana, incorporado no novo núcleo populacional do Vale do Guadiana, através do contributo do macho “Mundo”. Até agora pensava-se que a conhecida população natural do Parque Nacional de Doñana estava perigosamente isolada de outras áreas de ocorrência de lince e muitos animais, aí nascidos, não conseguiam uma dispersão bem-sucedida. Este caso do Baixo Alentejo indica que a viabilidade dos linces nesta zona de Espanha poderá também depender de Portugal.
A dispersão de jovens linces, antes de estabilizarem territórios com condições adequadas de alimento e presença de congéneres, é um fenómeno comum, tendo sido já confirmados outros casos de deslocações de longas distâncias entre os dois países, nomeadamente dos linces Caribou, em 2010, Hongo, em 2013, Kahn e Kentaro, em 2015, Lítio em 2016 mas em que o risco de mortalidade é elevado. De facto dois destes animais terminaram as suas viagens atropelados em Portugal. Esta novidade de dispersão, aliada à reprodução em território do Baixo Alentejo, é um caso de sucesso e traz também novos dados sobre a capacidade dos animais se orientarem na paisagem e se localizarem mutuamente. A viabilidade a longo prazo, de pequenas populações selvagens, como é o caso do lince-ibérico, depende da existência de conexão natural entre si e esta dispersão e encontro é um importante indicador nesse sentido, para as duas populações de Portugal e Espanha.
A população do Vale do Guadiana conta, neste momento, com 12 subadultos e adultos com território já estabelecido, cinco linces nascidos na primavera de 2016 e, a partir de agora, com as novas crias de 2017, descendentes de fêmeas reprodutoras como a Malva.
O projeto LIFE Iberlince, cofinanciado pela Comissão Europeia, e que reúne parceiros públicos e privados portugueses e espanhóis, tem o objetivo de recuperar a distribuição histórica do lince-ibérico em Portugal e em Espanha, de onde tinha desaparecido. No âmbito deste projeto foram libertados, até ao momento, mais de 170 linces e criados, através da implementação de ações como o seguimento de linces e a gestão de habitat cerca de 150 empregos. A conservação do lince-ibérico, enquanto espécie “chapéu” dos ecossistemas mediterrânicos, contribui para a preservação de muitas outras espécies da flora e da fauna, constituindo também uma oportunidade de promover os territórios onde ocorre.
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