Susana Díaz inaugura o Observatório do Lince em Doñana, que atingiu os 448 exemplares na Andaluzia

Esta instalação terá usos educativos e turísticos, para além de albergar exemplares que já não estão aptos para a reprodução

A presidente da Junta da Andaluzia, Susana Díaz, inaugurou o Observatório de Linces do Parque Natural de Doñana, que terá usos educativos e turísticos, para além de contribuir para a recuperação desta espécie e albergar exemplares que não estão aptos para a reprodução.

Díaz destacou que este novo equipamento, que teve um investimento de cerca de 200.000 euros, responde a um “desejo de muitos setores: a região, o município de Almonte e todos os que trabalham no apoio ao lince”.

O Observatório vai contribuir para que os centros educativos, começando pela escola Doñana de Almonte (Huelva) que o visitou hoje, tenham conhecimento de “como se desenvolve o lince no seu habitat”.

Além disso, Díaz afirmou que o Observatório “irá permitir que os linces que não estão aptos para a reprodução possam ter um ambiente onde desenvolvam e continuem a ter um habitat padronizado”, e que se irá tornar numa atração turística de Doñana.

A população de lince passou de 94 exemplares em 2002, na Andaluzia, para 448 nos últimos censos, aos quais se somam outros 145 no resto da Península Ibérica, o que dá uma ideia, segunda a explicação da presidente, do “importante trabalho, reconhecido internacionalmente e do absoluto respeito pelo meio ambiente” para a recuperação da espécie.

À medida que o número de exemplares cresce, o raio de expansão do lince também aumenta e “devem ser reconsiderados os elementos em que temos que intervir, como a rede rodoviária” para prevenir atropelamentos, disse Díaz, que recordou o último acordo estabelecido entre a Consejería do Meio Ambiente e o Ministério de Fomento para atuar em estradas nacionais.

Armazenamento de gás
Por outro lado, Susana Díaz depositou toda a confiança no governo central por forma e evitar a concretização do projeto de armazenamento de gás nas proximidades do Parque Natural de Doñana.

Díaz considerou que o executivo central, que é quem tem a “responsabilidade” pela área de hidrocarbonetos, “deve ter sensibilidade” e “ter em conta” os relatórios do CSIC e do Instituto Geominero, que advertem para os riscos do projeto.

Por parte do governo andaluz, a presidente insiste, “vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, na tentativa de paralisar um projeto que coloca em risco o pulmão verde da Andaluzia, de Espanha e da Europa”. “Estamos a fazer o que nos compete e esperamos que o Governo o faça o mais rápido possível”, referiu Susana Díaz, que destacou que “não gostaria de enveredar pelo via litigiosa e pelos tribunais; mas para salvar Doñana, fazemos o que for necessário”.

Dados do Observatório
O Observatório de Linces do Parque Natural de Doñana irá contribuir para difundir o programa de recuperação da espécie na Península Ibérica e, irá servir para sensibilizar e consciencializar a sociedade para a importância da sua conservação.

Para além de se poder conhecer os trabalhos realizados para a recuperação desta espécie, nesta instalação, localizada em El Acebuche (Almonte, Huelva), podemos observar dois exemplares provenientes do programa de criação em cativeiro e selecionados pela Consejería do Meio Ambiente e Ordenamento do Território. Estes animais, um macho chamado Eucalipto e uma fêmea de nome Aura, já não se encontram aptos para a reprodução, nem podem contribuir geneticamente para o programa de criação. Cabe destacar que não é conveniente devolver estes indivíduos ao meio natural, uma vez que passaram uma boa parte da sua vida em cativeiro.

Com a abertura deste Observatório, que envolveu um investimento de cerca de 200.000 euros (192.500), a Junta da Andaluzia pretende igualmente melhorar e expandir a oferta em matéria de uso público e de educação ambiental em Doñana, especialmente na área de Acebuche, bem como contribuir para o bom funcionamento do programa de conservação da espécie.

Este centro está localizado num antigo recinto, desativado, para a observação de ungulados, o qual terá sido adaptado e melhorado para poder acolher os dois exemplares de lince-ibérico.

Segundo os dados dos últimos censos, a população atual deste felino em perigo de extinção atinge os 448 exemplares na Andaluzia, 363 localizados na Serra Morena e 85 nas proximidades de Doñana, com um aumento considerável tanto do número de crias em liberdade (125), como de fêmeas territoriais (109).

Se ao total da população andaluza for adicionado a informação fornecida pelas áreas de reintrodução criadas em Portugal, Extremadura e Castilla-La Mancha com o projeto Life+Iberlince, o número de exemplares para toda a Península Ibérica é de 593, um número que pode ser superior caso haja um trabalho na consolidação de novas áreas de reintrodução, aumentando a conexão entre áreas e melhorando a população de coelho bravo.

Estos dados confirmam a boa evolução das populações deste felino, que passaram de 94 exemplares em 2002, com presença apenas na Andaluzia, para os 593 por toda a Península.

É de salientar que o projeto Life+Iberlince, coordenado e liderado pela Consejería do Meio Ambiente e Ordenamento do Território da Junta, dá continuidade ao trabalho realizado nos últimos anos a partir da Andaluzia para promover a recuperação desta espécie e, que foi reconhecido pela União Europeia em numerosas ocasiões.

Serve como exemplo a eleição do projeto para a Conservação e Reintrodução do Lince-Ibérico na Andaluzia como a melhor iniciativa implementada na Europa nos 25 anos de existência do projeto Life, dentro da categoria Natureza e Biodiversidade. Um facto que vem a avaliar as políticas de conservação de espécies ameaçadas e a biodiversidade desenvolvida pela Junta, além do reconhecimento do trabalho desenvolvido pelos técnicos nesta matéria.

Fonte da notícia: www.juntadeandalucia.es