Recuperação da distribuição histórica do Lince ibérico (Lynx pardinus) em Espanha e Portugal. (LIFE10NAT/ES/570)
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O Clube de Amigos do Lince entregará os prémios de desenho e relatos sobre o lince ibérico na próxima semana
28/06/2018
Um desenho intitulado "Linceextremo", de Carla Haba, e o conto "Reino de cinzas", de Isabel María Mañas, são os vencedores desta edição do concurso.
O Clube dos Amigos do Lince vai entregar na próxima semana os prémios do concurso de histórias e desenhos sobre o lince ibérico iniciados no passado mês de abril. Os vencedores deste concurso de arte em que os participantes tinham como elemento inspirador a figura do lince ibérico, foram Carla Haba Gutierrez, que participou na categoria infantil-de menores de 16 anos na modalidade de desenho, e Isabel Maria Mañas Sánchez, estudante universitária em Jáen, que ganhou o primeiro prémio na categoria de microhistórias para maiores de 16 anos.
O desenho de Carla Haba, estudante com 10 anos de idade do colégio Fernando Alvarado de Valencia de las Torres, intitula-se 'Linceextremo', enquanto o trabalho apresentado por Isabel Maria que pode ler na íntegra em seguida, é intitulado 'Reino de cinzas.
“Reino de Cinzas”
Há muitos anos atrás, no reino de Lusis, os linces eram considerados deuses, a sua pelagem quase dourada e lisa era muito admirada e, por isso, nas suas ruas, podiam-se encontrar altares, estátuas e desenhos em sua homenagem. Lusis era um reino próspero e pacífico, onde o Sol sempre brilhava. Um dia chegou um estranho, que se chamava Han-muo, ninguém sabia qual a sua origem, mas as suas roupas estranhas e o seu charlatanismo chamaram a atenção de todos os habitantes. O recém-chegado observou as imensas florestas, as terras férteis e a água cristalina dos rios, e imediatamente puxou de uma sacola de pano cheia de ouro e diamantes. Com um sorriso forçado ofereceu:
"Eu compro estas terras e tudo o que vive nelas"
Os aldeões riram-se e ignoraram-no. Han-muo repetiu sua proposta várias vezes, mas obteve a mesma indiferença. Finalmente, com raiva e ofendido, pegou noutro saco de pano e expandiu seu conteúdo, libertando sementes negras que se espalharam por todos os lugares. O estranho saiu entre insultos jurando voltar um dia.
Os aldeões continuaram com as suas vidas pacíficas, menos ocupadas e esqueceram rapidamente aquela estranha visita. Os anos passaram e essas sementes cresceram e deram origem a raízes escuras e tortas que se espalharam pelo reino envenenando tudo que tocavam. Nem a espada mais afiada nem o machado mais forte eram capazes de danificá-las. Pouco a pouco o ambiente mudou: a terra já não era fértil, os rios ficaram escuros e os animais desapareceram. Incluindo os adorados linces, dos quais apenas a memória restou. Os aldeões, com desespero, exclamaram:
"Os deuses abandonaram-nos"
Han-muo regressou e ofereceu a sacola novamente. A fome e o desespero forçaram os habitantes do reino a aceitar e Han-muo foi proclamado rei. Com as riquezas do novo monarca, o reino conseguiu comprar comida. Assim, os seus estômagos estavam cheios, embora os seus corações ainda estivessem repletos de tristeza porque os pássaros já não cantavam e o céu estava tingido de cinza.
Iber, uma pequena filha de rastreadores, saiu uma noite em busca dos linces. Aventurou-se no bosque da floresta seguindo rastos e fezes brancas, finalmente depois desta árdua tarefa, encontrou a “lincesa” Fabula num prado enquanto esta se aperaltava. A menina explicou o seu problema e pediu ajuda. Fábula não respondeu, simplesmente observou a pequena garota com os seus enormes olhos amarelos e depois desapareceu entre ramos e arbustos. Iber voltou para casa tristemente e caiu num sono profundo.
Na manhã seguinte, o reino despertou entre alarmes; os linces regressaram e com as suas poderosas garras destruíram as raízes negras. De cada vez que destruíam uma raiz, parte de sua pelagem lustrosa era atingida com o veneno que as raízes emitiam e numerosas manchas apareciam nas suas pernas, dorso e até mesmo na face.
Han-muo ordenou que os linces ficassem presos em troca de riqueza, e alguns aldeões a quem o veneno atingiu seus corações aceitaram sem pensar, carregando os seus arcos e flechas com eles. Os linces fugiram todos, exceto Fabula, que estava cercada por arqueiros na praça da cidade. Quando eles estavam prontos a atirar, Iber apareceu com as mãos para cima e colocou-se ao lado da lincesa.
"Parem. Vocês não se lembram do chilrear dos pintassilgos? Do ar limpo e da água fresca? Agora o nosso reino é cinzento e nada cresce nele, parece um reino feito de cinzas. Se atirarem as vossas flechas, elas voarão por alguns segundos, mas as consequências perdurarão para sempre".
O silêncio tomou conta da praça, os aldeões lembraram-se da sua antiga vida e ansiaram pela luz e pelo calor que a natureza pura lhes oferecia, lentamente, e movidos pelo mesmo sentimento alteraram a direção das suas flechas, desta vez Han-muo era o seu alvo. Ele foi expulso do reino e nunca mais voltou.
Sem as raízes negras, o ambiente tornou-se novamente limpo e alegre. Os aldeões cuidaram dos linces com muito cuidado, por causa do medo que tinham que as raízes brotassem novamente. No centro da praça construíram uma estátua em homenagem a Fábula e a Iber, com uma inscrição que dizia:
"Desde que estas terras linces tenham, não haverá veneno que nos detenha."
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