Recuperação da distribuição histórica do Lince ibérico (Lynx pardinus) em Espanha e Portugal. (LIFE10NAT/ES/570)
Eventos
Kahh e Kentaro demonstram que o lince-ibérico tem uma grande capacidade de dispersão
04/06/2015
Kahn e Kentaro, dois dos linces-ibéricos libertados em Castilla-La Mancha, no âmbito do projeto LIFE+Iberlince, demonstraram que o lince-ibérico, especialmente os machos, têm uma grande capacidade de dispersão e, que os seus movimentos podem levá-los desde a província de Toledo até lugares tão distantes como Portugal ou a comunidade autónoma da Rioja.
Graças à informação fornecida pelas coleiras de GPS transportadas pelos exemplares e ao trabalho de monitorização dos funcionários da Consejería da Agricultura e da empresa Fomecam, com o apoio do corpo de agentes ambientais, foi conseguida uma enorme quantidade de informação que permite determinar o comportamento de cada animal, o uso do território e outros parâmetros biológicos essenciais para a conservação da espécie.
Através destes dados, o projecto LIFE + Iberlince constatou que Kahn e Kentaro, reintroduzidos na província de Toledo percorreram as maiores distâncias registadas até o momento para a espécie, superando amplamente os 1.000 kilómetros nas suas deslocações.
Os dados refletem evidências de que alguns exemplares de lince-ibérico são capazes de realizar deslocamentos superiores a 25 km na mesma jornada, o que certifica que a conexão entre as atuais áreas de reintrodução é possível.
Notável é também, a capacidade de sobrevivência demonstrada pelos dois exemplares, os quais têm alternado os seus movimentos em áreas com diferentes densidades de coelho bravo, com os outras em que este recurso, debido à sua ausência, foi substituído por outras presas alternativas, desde roedores a cervos, um comportamento já registado em outras áreas onde se verifica a presença do felino, principalmente os machos de grande porte.
Estas circunstâncias podem ser consideradas excepcionais e, embora seja evidente que em algumas destas áreas um lince pode sobreviver à escassez de coelhos, no entanto não seria possível manter nessas zonas, populações estáveis e reprodutoras da espécie.
No caso de Kahn, desde o primeiro dia da sua libertação, foi constatado que ele começou a mover-se em direção a oeste, utilizando as zonas altas da serra, que o levaram a atravessar o Parque Nacional de Cabañeros para chegar à região de La Jara.
Posteriormente, prosseguiu a sua deslocação chegando ao rio Tejo e, apesar de não o atravessar completamente, permaneceu vários dias numa das ilhas do rio.
Nas semanas seguintes, continuou o seu caminho para o sul da província de Toledo e em meados de fevereiro chegou à província de Cáceres, momento em que os responsáveis pelo projeto LIFE+Iberlince de Extremadura, começaram a monitorizar o animal nos seus deslocamentos por terras extremenhas.
Durante o seu percurso por esta comunidade, o macho foi capaz de cruzar a nado o rio Guadiana para chegar no final de maio a Portugal, tendo recentemente atravessado a Albufeira de Alqueva.
Kentaro, ao contrário do seu irmão, permaneceu mais tempo na área envolvente à da libertação, percorrendo durante as primeiras semanas uma propriedade perto do ponto de solta, mas em janeiro começou a movimentar-se para norte, afastando-se da zona de libertação até chegar ao rio Tejo, à albufeira de Castrejon.
De lá, deslocou-se em duas ocasiões até ás imediações da cidade de Toledo e mais tarde, utilizando o trajeto do rio Tajo, entrou nas províncias de Madrid, Cuenca e Guadalajara, chegando aos reservatórios da cabeceira da bacia do rio, ponto onde cruzou o rio em direção norte.
Mais tarde, explorou a sul as províncias de Soria e Zaragoza e, depois de voltar a Soria, conseguiu chegar à comunidade autónoma de La Rioja, onde tem permanecido desde o início de maio.
A coordenação estreita e harmoniosa entre os parceiros do projeto LIFE+Iberlince em Castilla-La Mancha, Extremadura e Portugal, permitiram o controlo e monitorização de Kahn, e com a colaboração com os técnicos e agentes do meio ambiente das comunidades de Madrid, Aragão, Castilla-León e La Rioja foi possível uma monitorização exaustiva de Kentaro.
Outro evento de destaque foi a colaboração demonstrada pela maioria das propriedades, tanto as que contam com protocolos de colaboração Iberlince, localizadas dentro das áreas de reintrodução e mais frequentadas pelos linces que menos se deslocaram, como aquelas que estão localizadas fora da zona de reintrodução, pelas quais terão transitado os linces que realizaram movimentos dispersivos de maior relevância.
Quando se está prestes a completar um ano após a libertação dos primeiros linces-ibéricos em Castilla-La Mancha, o projecto LIFE+Iberlince faz um balanço positivo da adaptação destes exemplares nas áreas de reintrodução onde o progresso tem sido muito significativo na recuperação da espécie, embora ainda haja muito trabalho a fazer.
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