Em 2016 irão ocorrer novas libertações de lince-ibérico nas áreas de reintrodução da Península Ibérica

O objetivo do projeto Life+IBERLINCE consiste em permitir a recuperação da distribuição histórica da espécie mediante a reintrodução em áreas favoráveis que cumpram os requisitos para acolherem o Lince-ibérico.

Os 19 parceiros do Projeto Life+IBERLINCE de Portugal, Extremadura, Castilla-La Mancha, Murcia e Andaluzia, iniciaram os trabalhos de seleção de áreas de reintrodução em 2012 e, em março de 2014 numa reunião realizada em Cazalla de la Sierra, Sevilha, analisados os resultados dos trabalhos prévios de seleção, acordou-se o início das libertações no Vale do Guadiana - Mértola (Portugal), Valle del Matachel – Badajoz, Sierra Morena Oriental - Ciudad Real e Montes de Toledo - Toledo. Estas zonas foram selecionadas pela sua qualidade do habitat, elevadas densidades de coelho bravo e aceitação social ao início das reintroduções, de forma a garantir o êxito das libertações.

Em 2001, a Consejería do Meio Ambiente da Junta da Andaluzia lançou o Programa de Ações de Conservação do Lince-Ibérico, que é potenciado em 2002 com a aprovação do Projeto Life “Recuperação das populações de lince-ibérico na Andaluzia”. LIFE02NAT/E/8609’ (2002-2006), consistiu num ponto de viragem muito importante na conservação da espécie. O objetivo principal destes projetos seria estabilizar as populações de lince-ibérico na Andaluzia, assegurando a viabilidade a longo prazo das únicas populações existentes e distanciadas entre si: Doñana e Sierra Morena. Em 2006, foi aprovado um novo Projeto através do qual deu-se um salto qualitativo na conservação com a inclusão de duas novas ações, a reintrodução de linces em algunas das suas áreas de distribuição histórica dentro da Andaluzia e o reforço genético da população de Doñana.

O trabalho desenvolvido e a seleção e preparação de novas áreas, mediante um rigoroso trabalho em áreas potenciais de reintrodução, culminou com as primeiras libertações na Andaluzia em 2010, de linces provenientes do campo, na zona de Guadalmellato, seguindo-se a zona de Guarrizas. A partir de 2011, aos linces selvagens unem-se os nascidos em cativeiro soltando-se os primeiros linces procedentes dos centros de reprodução, permitindo passar de 94 exemplares registados em 2002 para 327 em 2014.

Toda esta experiência serviu de base para o projeto Life+IBERLINCE e, desta forma, na primavera de 2014, iniciaram-se as primeiras libertações de linces fora da Andaluzia.

Desde as primeiras reintroduções libertaram-se um total de 124 Lince-ibéricos, 83 na Andaluzia, 22 em Castilla-La Mancha, 10 na Extremadura e 9 em Portugal.

Em 2016 serão realizadas as terceiras libertações, após as realizadas em 2014 e 2015. Todas as áreas de reintrodução estão a funcionar de forma adequada e em abril de 2015, 10 meses após a reintrodução do primeiro lince-ibérico no Vale de Matachel (Badajoz), uma das fêmeas libertadas pariu os primeiros cachorros de lince-ibérico nascidos em liberdade fora da Andaluzia.

Três fatores foram decisivos para o êxito na reintrodução: os trabalhos desenvolvidos no âmbito dos projetos LIFE que permitiram consolidar as populações existentes e iniciar as reintroduções, o êxito do programa de conservação ex-situ, e a participação e apoio social através dos acordos de colaboração com os proprietários de herdades e zonas de caça.

Para 2016 está prevista a libertação de um total de 48 linces-ibéricos, 45 deles provenientes dos centros de repordução em cativeiro e 3 capturados na população de Cardeña-Andújar, Andaluzia, com a seguinte distribuição por áreas de libertação: Vale do Guadiana, 9 (3:6); Vale de Matachel, 9 (4:5); Sierra Morena Oriental, 9 (5:4) e Montes de Toledo, 10 (6:4); Guadalmellato, 5 (1:4), Guarrizas 6 (1:5) e, possivelmente, uma libertação para reforço genético em Doñana que neste momento está pendente de uma avaliação genética.

No ano passado e após 13 anos de grandes esforços de conservação, o lince-ibérico passou para uma nova categoria na Livro Vermelho. A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) reclassificou a espécie do lince-ibérico (Lynx pardinus) de "críticamente ameaçada" para "ameaçada”.

A evolução das populações deste felino, após seis décadas de declínio da espécie na sua área de presença, entre 2002 e 2012 sofreu um aumento de forma continua chegando a 156 indíviduos adultos, o que implica ter passado de 27 fêmeas reprodutoras em 2002 para 97 em 2012. Além disso, a área de presença desta espécie também sofreu um acréscimo considerável. Como este resultado, o lince-ibérico passou da categoria de “críticamente ameaçada”, para “ameaçada”.